domingo, 3 de novembro de 2013

Pequenas Histórias:A Epidemia

A Epidemia 

Era uma vez um menino de 15 anos que se tornou celebridade. Ele fazia shows o ano todo, em tudo quanto era canto do mundo. Meninas e mulheres queriam se casar com ele. Gente de todo canto ficava na fila horas, dias, semanas para vê-lo. Ele, que era de classe média, estava agora entre os jovens mais ricos do mundo.

Mas aí, o vírus chegou e tudo ficou diferente. Ele passou a cuspir em fãs e dar risada. Por quê? É difícil entender, mas, já diziam os velhos cafajestes do mundo: “Por que um cachorro lambe o próprio saco?” – “Porque ele PODE”. Então, como podia, ele, além de cuspir, passou a fazê-las esperar por ele. O show é às 20h? Ah, lá pra umas 22 ele apareceria. É claro, o vírus tem outros efeitos colaterais: o tédio. O tédio de fazer tudo que é possível e todos o obedecerem pedia algum tipo de diversão intermediária. Às vezes em pó, em cigarro, em seringa ou usando camisinha. Vai saber?

Mas ainda parecia pouco e o vírus se apoderava do jovem sem que ninguém buscasse qualquer tipo de cura. Pelo contrário; mesmo que chegasse a ser recusado em hotéis por seus hábitos inconvenientes àqueles não contaminados, as filas para vê-lo continuavam grandes, ele vendia cada vez mais e as mulheres ficavam ouriçadas por sua causa.

Aí ele veio ao Rio de Janeiro, foi a Thermas da cidade, deixou R$ 5.000, saiu com duas moças e, tanto fez, que o Copacabana Palace, dizem, não o quis. Fez as fãs esperarem por ele três horas debaixo do sol carioca antes de o conhecerem. No Meet & Greet que custou à cada uma quase 3 mil reais, nem um abraço deu. Num dia de crise, ainda fez todo o público esperar por horas e nem o show completo entregou.

A pergunta que não quer calar é: que vírus é esse e como curá-lo?

Cecilia Garcia

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