segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Transtorno Alimentar Seletivo

A maioria das pessoas tem alguma restrição em sua dieta. Há aqueles que não gostam de espinafre ou de tomate, e também alguns que preferem não comer carne vermelha. É absolutamente normal que cada pessoa não goste particularmente de algum alimento. Porém, para um grupo de pessoas, a restrição da variedade de alimentos é tão forte que causa um importante impacto em suas vidas. Esses indivíduos são portadores do Transtorno Alimentar Seletivo.

O que é o Transtorno Alimentar Seletivo?
Embora não existam critérios formais, e não esteja atualmente incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV), o Transtorno Alimentar Seletivo é um distúrbio que se caracteriza pela rejeição a muitos alimentos, ficando a dieta restrita a cerca de 10 tipos de comida, geralmente carboidratos, alimentos ricos em açúcar e os processados. A criança seletiva manifesta a tríade: recusa alimentar, pouco apetite (relatado) e desinteresse pelo alimento, características constatadas em um estudo sueco com 240 escolares. Geralmente, há uma grande aversão a frutas, legumes e verduras. Além da restrição alimentar, há uma recusa em experimentar novos alimentos. É mais comum em crianças portadoras de Autismo ou Transtornos de Ansiedade, embora não esteja restrito a esses grupos.

Quais são as causas desse distúrbio?
Os cientistas apontam que há componentes biológicos e psicológicos na etiologia desse transtorno. Alguns estudos levantam que essas pessoas poderiam ter um paladar muito aguçado, o que provoca essa rejeição a sabores mais fortes; por outro lado, outros estudos mostram que a rejeição a determinados alimentos se dá muito mais por outras vias sensoriais e não pelo gosto, por exemplo, não gostar do cheiro ou da aparência de um alimento. Em relação ao aspecto psicológico, alguns indivíduos podem associar emoções negativas à alguns alimentos, por exemplo, um mal estar físico causado pela comida, como engasgos ou problemas gastrintestinais. As razões desse comportamento são bastante complexas, devido às interações de características familiares e de contextos sociais. Estudo recente sobre o aspecto psicológico da queixa materna "meu filho não come" revela que é impossível apontar por onde começam as dificuldades em termos causais: se nos sentimentos da mãe ou no comportamento da criança.

Quais são os impactos para a saúde da pessoa?
Os impactos se dão a nível biopsicossocial. Ao restringir demais a dieta, o paciente pode sofrer deficiência de diversos nutrientes, desencadeando outros problemas de saúde. Como a maioria das situações sociais envolve comida (uma festa, um jantar de confraternização, um encontro com amigos), esses eventos se tornam uma fonte de estresse para o indivíduo, principalmente pela vergonha em estar fora do padrão alimentar normal. Ao evitar a interação social, surge um impacto no campo emocional, deixando a pessoa mais vulnerável a quadros de depressão e ansiedade.

Há alguma semelhança entre esse transtorno e problemas como Anorexia ou Bulimia?
Embora essas patologias pertençam ao grupo dos transtornos alimentares, há diferenças entre elas. Esses pacientes não têm uma preocupação com o peso e com o corpo, característica essencial da Anorexia e da Bulimia. O Transtorno Alimentar Seletivo pode ter sintomas associados com o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e com a Fobia, devido o medo intenso de comer determinadas coisas.

Qual a participação do ambiente na seletividade alimentar?
A participação da mãe no processo da alimentação da criança é de fundamental importância, embora as ações de outros familiares - pais e avós, tenham repercussões igualmente importantes. Mães com histórico de depressão e transtornos alimentares e pais exigentes tendem a apresentar filhos com maior risco de padrões alimentares inadequados. É frequente que mães inseguras procurem um profissional da saúde apresentando-se mobilizadas pela angústia de "não saber o que fazer para alimentar o filho". Outras vezes, pais autoritários - que controlam horários, quantidades e qualidade das refeições, induzem-os a uma relação de dependência, com dificuldade em experimentar novos desafios e, entre eles, experimentar novos alimentos. Por outro lado, frente ao controle exagerados dos pais, observa-se que algumas crianças podem se tornar desafiadoras e utilizar da alimentação para fazer apenas o que lhes apetece, recusando a interferência da família na alimentação.

Existe tratamento para esse transtorno?
O tratamento deve ser composto por profissionais como o médico pediatra em crianças e clínico para casos adultos, o nutricionista – para orientar o paciente quanto à importância nutricional –, o psicólogo – visto que muitos problemas alimentares são decorrentes de conflitos intra familiares que se explicitam no âmbito alimentar, e em alguns casos, o psiquiatra – para medicar o paciente no sentido de diminuir os sintomas de ansiedade.

As refeições em família devem ser momentos prazerosos, e acontecer de modo regular para que as crianças possam observar outras pessoas consumindo uma variedade de alimentos. É importante que a criança veja a diversidade de opções, cada alimento com suas cores e aromas, para aprender a lidar com suas preferências. Também é fundamental orientar a família e os amigos que o pacientes não está “com frescura”, fazendo isso de propósito; trata-se de uma real dificuldade, e o comedor seletivo precisa se sentir seguro para tentar algo novo, sem a garantia de que vai gostar. Cada caso de seletividade alimentar tem suas peculiaridades, requer orientação individualizada, segundo as características específicas do paciente, da família e do meio.

FONTE:Plenamente

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