Alguns sobreviventes passam o dia com um gosto de "borracha queimada" na boca. Outros relatam sentir, quando respiram, o mesmo cheiro da fumaça que tomou conta da boate em menos de três minutos - eles tomam medicamento diário para expelir um catarro negro acumulado nos brônquios. "É como se eles tivessem fumado por mais de cem anos em três minutos", afirma Ana Cervi Prado, médica coordenadora do Centro Integrado de Assistência às Vítimas de Acidente (Ciava), um ambulatório montado pelo Ministério da Saúde em Santa Maria exclusivamente para recuperar os feridos. Eles vão ficar pelo menos os próximos cinco anos em tratamento.
Kellen, uma das pacientes, luta para retomar os movimentos das mãos, além de passar por inalações diárias para se recuperar de uma lesão pulmonar grave. Ela se tornou um dos símbolos dos sobreviventes. Durante 78 dias (20 deles em coma, na UTI), a estudante ficou internada em Porto Alegre, com queimaduras de terceiro grau em 20% do corpo. Nesse período, a jovem teve o coto da perna direita amputado e enxertos aplicados nos braços. Antes de deixar o hospital, foi informada de que duas de suas melhores amigas não conseguiram se salvar.
FONTE:Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário