- Mas...nos envergonhamos? Tantos escândalos que eu não quero mencionar isoladamente, mas que todos sabemos quais... Escândalos, nos quais alguns tiveram que pagar caro: E está bem! Se deve fazer assim... A vergonha da Igreja! - exclamou, sem falar diretamente sobre os casos de pedofilia, mas citando implicitamente a indenização paga às vítimas desses crimes por algumas dioceses, especialmente americanas.
- Mas nos envergonhamos desses escândalos, dessas derrotas de padres, bispos, laicos?.
Nesta quinta-feira, o Vaticano foi submetidoa um difícil questionamento e criticado pelo fato de que a instituição violou o tratado que obriga os signatários a tomar todas as medidas apropriadas para proteger as crianças. Há alegações de que a Igreja, tentando preservar a sua reputação, permitiu a violação de milhares de crianças, protegendo padres pedófilos.
- Há abusadores entre membros das profissões mais respeitadas do mundo e, infelizmente, inclusive entre os membros do clero e outros funcionários da Igreja - reconheceu o arcebispo Silvano Tomasi, representante do Vaticano nas Nações Unidas em Genebra, na primeira vez que a hierarquia da Igreja Católica participa de audiência pública sobre abuso sexual de menores cometidos por padres em todo o mundo.
Tomasi ressaltou que o Vaticano vê cada criança como “inviolável - corpo, mente e espírito”. E que é importante saber o que aconteceu no passado para evitar que o problema se repita e para que a justiça seja feita. Ele afirmou ainda ao painel que gostaria de receber sugestões para implementar as exigências da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, na qual a Santa Sé é signatária desde 1990.
O Monsenhor Charles Scicluna, ex-promotor da Cúria em matéria de crimes sexuais, reconheceu que a Igreja havia sido lenta para responder à crise , mas disse que estava determinado a fazê-lo.
- A Santa Sé compreende - disse. - Não dizemos se é tarde demais ou não. Mas há certas coisas que devem ser feitas de forma diferente.
O painel do Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança acontece um pouco mais de um mês após a Santa Sé se recusar, em dezembro passado, a fornecer informações à organização a respeito de investigações internas sobre o crime.
‘Abuso é particularmente grave quando se trata de pessoas de confiança’
Tomasi reconheceu que a questão do abuso de crianças é particularmente grave quando se trata de pessoas que possuem grande confiança e são designadas a proteger o ser humano, incluindo sua saúde física, emocional e espiritual.
- Essa relação de confiança é fundamental e exige grande sentido de responsabilidade e respeito à pessoa que é servida - disse Tomasi.
O Vaticano apresentou um primeiro relatório à ONU em 1994, mas passou quase dez anos sem fazê-lo. Produziu um segundo somente em 2012, depois de receber críticas após as revelações em 2010 de casos de abuso sexual de crianças na Europa e em outros países.
Grupos de vítimas de abusos e organizações de direitos humanos se uniram para pedir ao Comitê da ONU que desafiasse a Santa Sé, fornecendo testemunho escrito de vítimas e provas que mostram a escala global do problema.
O Papa Francisco afirmou recentemente que lidar com o abuso é vital para a credibilidade da Igreja. No mês passado, ele anunciou uma comissão do Vaticano que seria criada para combater o abuso sexual de crianças na Igreja e oferecer ajuda às vítimas. Ele também reforçou as leis do Vaticano sobre o abuso de crianças, ampliando a definição de crimes contra menores
FONTE:O Globo
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